terça-feira, 25 de maio de 2010

Folhas Soltas de Cadafaz por A. Silva

Mas… Cadafaz não foi nem é um mito – o povoado sempre existiu

São os antigos textos históricos que nos vão aumentando a curiosidade e conhecimento acerca dos nossos antepassados, "cuja valiosa fonte tem sido obtida através da -exaustiva pesquisa dos nossos historiadores e investigadores, sendo a sua divulgação quer literária, quer informática, a grande difusora. Infelizmente, nem sempre é possível obter tais conhecimentos - é o caso de Cadafaz, sem qualquer sector de literatura disponível ou meios, informáticos, inclusivamente até os testemunhos pessoais se tem deixado perder. Mas, .. Cadafaz não foi nem é apenas um mito - o povoado existe e existiu não foi por acaso o aparecimento das primeiras habitações no Codeçal - não foi por acaso a sua mudança, ou seja, a mudança da comunidade para o local actual, nem sequer as ruínas de grandes casas que ainda conseguimos descobrir, além dos muitos e dispersos terrenos de cultivo, cujos socalcos tentam mostrar a obra humana, tal como os soutos, os olivais e os muitos e variados engenhos que ajudaram a criar gerações. Por tudo isto, temos de acreditar que também aqui a obra das gentes do povo rural foram de grande vulto. Diz-nos o Historiador J. H. Saraiva, no seu livro a História Concisa de Portugal; "não tem sido fácil o conhecimento das acções do povo por falta de documentação escrita. A totalidade de que se dispõe está ligada à igreja e a propriedade ou uma e outra, pois só o clero sabia escrever. Desde muito cedo tiveram os seus cartórios [já existiam no. tempo do rei D. Afonso Henriques]. Mas há vestígios que mostram que o povo desempenhou acções decisivas e de grande determinação.

No entanto, as dificuldades parece que se vão atenuando e a investigação torna-se mais profícua, pelo que vamos tendo conhecimentos de dados valiosos e Interessantes. É o caso do pequeno resumo do texto que passarei a transcrever com o devido respeito ao seu autor, Dr. J. Tengarrinha, visto tratar-se de Cadafaz e Colmeal: "Nas freguesias do Colmeal e Cadafaz, concelho de Góis, em 1777 / 1779, os agricultores recusaram-se, apesar das ameaças e intimidações, a satisfazer excessivas e arbitrárias jugadas cobradas em cada triénio, especialmente às pessoas mais pobres, e exigidas pelos feitores do donatário da vila Conde de Vila Nova".

Alguns anos mais tarde surge nova referência sobre as mesmas povoações. Nos lugares de Cadafaz e Colmeal, concelho de Góis, os agricultores resistiram colectivamente em 1782/1783 às exigências de maiores foros superiores aos determinados no foral, feitas pelos contratadores das rendas do donatário de vila nova. Cadafaz teria de passar a pagar anualmente 50 alqueires de pão e Colmeal 32, e os rendeiros passaram a exigir 459 alqueires sem que as terras de cultivo tivessem aumentado.
Os excessos de cobrança foram ao ponto de um tal João Moniz, por não possuir um alqueire de pão, ter de pagar a dinheiro 440 reis, Luiz Braz 420, Mannuel Simões 450 e Sebastião Fróis 460, tudo no ano de 1782, em que os preços do trigo e centeio não tinham atingido tais níveis.

A leitura destes textos e de outros que se passaram por todo o País, comprova qual a classificação e exploração ao povo rural, não só do trabalho agrícola, como dos bens monetários e humanos. No entanto, e actualmente, as frases são diferentes, chiques e imperceptíveis, não referindo o povo da gleba, mas sim o povo que contínua a trabalhar e tenta viver a sua vida honestamente. São estes que continuam a pagar, os foros ... jugadas... fintas ... etc, etc, tudo em nome de impostos.
Felizmente o povo é pacato, e só se irrita quando o clube perde ...

Cons. - Hist.Concisa de Portugal - Dr.J. H. Saraiva
Cons. - Movimentos Pop. Agrários em Portugal - Dr. José Tengarrinha
Agrad. - A Paula Santa Cruz pela inf. disp. além de enaltecer a sua iniciativa particular de dar a conhecer o Cadafaz através do seu Blog pessoal.
in Jornal de Arganil de 20 de Maio de 2010

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Paula Santa Cruz