terça-feira, 18 de outubro de 2011

Folhas Soltas de Cadafaz por A.Silva

Faleceu a Miquelina
No dia 5 do corrente mês, fez precisamente um mês, que recebemos a triste notícia – faleceu a Miquelina. Tudo aconteceu rapidamente, o falecimento e a divulgação da notícia, mas a surpresa era superior ao nosso raciocínio, não era possível – devia haver engano. Mas, como normalmente as notícias tristes são sempre verdadeiras, esta era mais uma delas. A D. Miquelina de Almeida Pina, natural desta povoação, era esposa do Sr. Manuel Pina e mãe da Drª Paula Almeida Pina e Rui Pina (Já falecido).
Apesar da sua residência em Lisboa deslocava-se com muita frequência à sua aldeia com todos os seus familiares, tomando parte em todas as ações que diziam respeito à comunidade, a sua presença não só preenchia o seu lugar como ambientava todos em seu redor, tal a sua simpatia e forma expressiva, além de uma grande religiosidade que a levou a ser convidada para proceder à visita Pascal este ano e que assumiu com grande sentido de fé, ficando as suas palavras na memória de todos nós.
Infelizmente, deixou-nos demasiado cedo, mas, quem somos nós para contestar os desígnios de Deus. Resta-nos rogar para que se encontre em paz eterna e aos seus familiares desejar que tenham força e coragem para enfrentarem tão grande desgosto.
Pessoalmente recordála-ei com saudade e tal como ele era e estava bem disposta no dia 23 de Junho, deste ano, em redor da fogueira, em louvor de S. João, no largo de S. António. Para a qual nos veio convidar, pessoalmente, à nossa casa. Concluindo, um pequeno grupo mas uma grande confraternização. Obrigada D. Miquelina e até um dia.
Faleceu o tio João
Também no dia 2 do corrente outra triste notícia – faleceu o tio João. Era assim, num modo de simpatia e amizade, que se tratavam algumas das pessoas mais antigas da aldeia, pelo que, mesmo sem laços familiares não faltavam os tios e tias ou seja – todos pobres – mas todos iguais.
Com o desaparecimento de mais este conterrâneo Sr. João de Almeida não só ficámos cada vez mais sós, como vamos perdendo as histórias verdadeiras, divertidas ou cruéis que tanto dava prazer ouvir, são estas pessoas, verdadeiros dicionários da vida rural de antigamente, no caso do tio João desde o trabalho rural ao tempo passado em Lisboa, o minério e a venda que fez durante anos de sardinha para a qual se deslocava à vila de Góis, em dias de feira, com o seu alguidar de zinco ao ombro onde já levava parte do sal que restava da venda anterior.
Também, durante alguns anos, fez parte do rancho Folclórico de Cadafaz. Enfim, mais uma das pessoas, cuja vida daria para escrever um livro, mas, infelizmente, tudo fica esquecido no tempo. Resta pedir a Deus que lhe dê o descanso merecido e para todos os seus familiares, as minhas sinceras condolências.
Pedido de Desculpa
No meu artigo “Memória do Posto de Correios em Cadafaz”, publicado em 30/07/2011, por lapso, não mencionei o nome de Guilherme de Jesus Martins Paula, nos estafetas ou portadores de malas do referido posto. Aliás, é, sem dúvida, uma das pessoas por quem sinto grande respeito e saudade, até porque também foi um dos grandes mártires, não só pelo serviço exaustivo do transporte de malas e longo trajecto, como o foi também da guerra dos carvoeiros, isto para quem teve conhecimento, onde parecia não haver separação entre um negócio de lucro e a necessidade de uns tostões para sustentar a família, seria este o caso.
Mas, em todas as épocas houve os seus problemas e verificamos, afinal, que hoje ainda está pior que ontem. E, pelo facto acima descrito apresento as minhas desculpas aos familiares, com amizade.
in O Varzeense de 30 de Setembro de 2011


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Paula Santa Cruz