sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Folhas Soltas de Cadafaz Por A.Silva

VELHICE – FELICIDADE – TRISTEZA – INSEGURANÇA e, que FUTURO?
Felicidade – porque ser idoso é sinal que apesar de todos os problemas com que se deparou, foi conseguido sobreviver.
Tristeza – porque observando o presente vê em seu redor, ausência de alegria, convivência familiar, inclusive o dom de apreciarem a essência da vida e da natureza.
Insegurança – porque, tanto a nível material como humano a decadência e a agressividade constante, já que a assistência humanitária ou misericórdia cada vez se distancia de quem mais delas precisa.
- Afinal que nos/lhe s reserva o futuro?
Claro que não vou dramatizar recuando ao passado, quando os idosos eram levados para a serra com uma manta apenas (este costume e outros piores podem-se ler na Coleção de Portugal de Perto – Povo Português Vol.10).
Também não vou pensar na época em que as crianças nasciam, viviam e partiam sem qualquer assistência médica. Aqui as mezinhas de família e as do Barbeiro das aldeias, iam atenuando as maleitas, caso contrário o repouso no leito (enxerga) e a companhia dos familiares e amigos eram obras de misericórdia.
Por último, a vinda do Cura encaminhava o enfermo para o seu destino final. Por estranho que pareça estas situações não se passaram assim há tantos anos…
Felizmente que as mentalidades foram aderindo a novos conhecimentos e no caso de doença, embora com os difíceis acessos de comunicação, estradas, carreteiras e atalhos, única ligação entre as aldeias e vila, o certo é que começou a recorrer-se à vinda do médico da vila, sendo apenas necessário enviar a Góis uma pessoa com um cavalo para a vinda e regresso. Recordo aqui o saudoso Sr. Dr. Bernardo, quantas vezes teria feito esse trajeto, e sabe Deus muitas sem receber qualquer valor monetário, devido à pobreza do paciente.
Porém, as zonas rurais começaram a ver uma nova luz com a criação das Coletividades. Foi graças a elas que as vias de comunicação e assistência foram melhorando. Foi pois por iniciativa da Liga de Melhoramentos da Freguesia do Cadafaz logo no seu início a aquisição de duas macas, uma para esta povoação e outra para a Sandinha (até então o transporte de doentes urgentes era feito numa padiola). A construção de um posto Médico foi também uma realidade concretizada em 1937, na povoação da Cabreira, para apoio a toda a freguesia, com consultas de rotina e pequenos tratamentos de enfermagem, para a época um grande benefício. Mas também aqui como sempre foi normal e parece continuar no presente, as verbas camarárias rareavam para as necessidades desta povoação e freguesia. Pelo que, a construção do Posto Medico e relógio ma povoação da Cabreira foi feito praticamente com verbas angariadas pela liga de Melhoramentos da Freguesia de Cadafaz e verbas de bens naturais na altura aproveitados tais como – verba do minério explorado no local do Lagar, venda do azeite do mesmo e renda do Moinho, Bens estes pertencentes À Igreja Matriz e ao Povo da Freguesia do Cadafaz, o que demonstra que a contribuição para tal imóvel foi através de toda a população. Inclusive o mobiliário foi oferta de um benemérito o material médico cirúrgico por outro. Era assim que as obras se concretizavam com amizade e cooperação, se tratavam as dificuldades.
Passados alguns anos começou também um Posto a funcionar em Cadafaz no edifício da casa de convívio, tendo passado em 1990 para um edifício restaurado, onde anteriormente funcionou o Registo Civil e Escola (hoje sede da Junta de Freguesia).
Mas, também o referido Posto veio a encerrar em 2009, pela povoação de Cadafaz passou a ter dias de atendimento marcados no Centro de Góis. Para o qual é feita a deslocação dos utentes em táxi disponibilizado pelas entidades da freguesia (8). Claro este modo de deslocação apenas é compatível para utentes com razoável locomoção. E certo que não estamos em tempo de melhorias, antes pelo contrário mas, incrédulo que ao longo dos anos passados, não tenha havido na Histórica Vila de Góis) a preocupação de recuperação ou construção de um edifício hospitalar condigno equipado com meios clínicos, enfermagem e médicos de modo a que não fosse necessário o doente em estado grave esperar na aldeia pela ambulância e depois chegar ao Centro e seguir outros tantos ou mais quilómetros para Coimbra.
Este era sem dúvida um grande empreendimento a nível humanitário e postos de trabalho qualificativos. Infelizmente, hoje só com um grande milagre, pelo que apenas nos resta: -Pedir os bons ofícios dos Representantes do Concelho, para que ao menos seja conservado o Centro de Saúde de Góis. E, aqui não posso deixar de enaltecer o atendimento, atencioso e eficiente que nos tem sido prestado, quer a nível médico, enfenarem ou administrativo, que apesar dos meios exíguos de que dispõem (análises ou radiológicos) conseguem proceder com grande bondade e dedicação o que por vezes e, em algumas situações é terapêutica ideal.
Porém a tristeza e incógnita mantem-se ao verificar-se a perda de serviços da comunidade constantemente inclusive os que eles fundaram.
Pelo que, a pergunta mantém-se:- Que Futuro? - Será que lentamente estamos voltando às origens... - Que legado encontrarão os nossos JOVENS? - Terão hipótese de começarem de novo?
Cadafaz, janeiro 2012 
in O Varzeense de 30 de janeiro de 2012

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Paula Santa Cruz