Que aconteceu a Cadafaz? Uma povoação
cheia de vida, alegria e perseverança. O que aliás ainda tenta persistir na
nossa memória, "cuja teimosia não quer deixar esquecer o passado".
Porém a realidade é visível, constante e triste, mas não podemos deixar
extinguir a luz da esperança e sobrevivência. Já que tanto nos foi legado pelos
antepassados, certamente com a intenção de que todas as suas obras e
sacrifícios seriam perduráveis.
Mas, tal não está acontecendo, pelo que
se torna deveras apreensiva tal situação. Que se passa afinal com a comunidade
cadafazense? Com as entidades responsáveis, representantes, autarcas, inclusive
as coletividades, enfim, as promessas feitas, adquirir, acabar ou conseguir,
que têm passado de ano após ano, como por exemplo: a rede móvel, o tanque para
apoio a combate de incêndios, o alcatroamento da estrada Cadafaz-Selade do
Braçal, arranjo do lavadouro, além do que se tem deixado retirar, sem qualquer
preocupação na sua resolução, benefícios estes essenciais para a população
residente e, que certamente já poderiam ter sido contemplados com verbas gastas
noutras inaugurações interpoladas, semiesquecidas e inacabadas. Sabemos que nas
últimas décadas, muita coisa mudou ou modificou, criando-se títulos cujos
pedestais não tinham sido assentes em rocha firme, nasceram ideais de fantasia
cor de rosa e feitos fantasmas, (tivemos vários e continuamos a ter) nesta
povoação alguma de destaque em notícias - o Lar em Cadafaz, a Quinta
Pedagógica, Auditório com ar condicionado e circuito fechado TV-Internet e por
último a Confraria na sede de freguesia? …) Olhamos em redor, e que vimos nós?
Promessas tendenciosas.
Creio que o nosso, planeta Terra,
começou a rodar velozmente, cujo eixo se ressentiu na sua meteórica e vagarosa
rotação. Agora que nos reservará o futuro? Quando os valores humanos tem
desaparecido e à medida que a comunidade vai diminuindo, vão também sendo
esquecidas as obrigações por quem de direito e com deveres ao acompanhamento, valorização
e deferência à comunidade ainda existente. Mas quando se observa, a realização
de eventos informações de interesse público ou outros, e escolhida determinadas
localidades do concelho ou povoação da freguesia - porque - tem mais gente...
Como se os poucos, tenham culpa de ser menos, e portanto, não vale a pena!
Também, felizmente tem sido criados
vários locais de apoio e informação no Concelho, mas será possível as pessoas
terem possibilidade de aí se deslocarem, como... E quantas vezes mesmo no
local, no caso de serviços administrativos deparam com acessos inacessíveis
para deficientes, escadas sem rampas de acesso. Também as Placas, em locais
visíveis dos referidos serviços, fossem de algum benefício, inclusive há serviços
que são desconhecidos pelos munícipes que moram fora da vila. Isto talvez pela falta
de informação nas localidades. É certo que há uma grande percentagem de idosos,
mas não é ir formando uma espécie de muralha em redor de cada aldeia, que se lhes
dá alguma réstia de qualidade vida, quer de acompanhamento moral, físico ou intelectual,
inclusivamente perdem-se assim os seus conhecimentos adquiridos ao longo da sua
existência. Também não é dos gabinetes através do telecomando ou pulseira, o
que parece estar a iniciar-se... No entanto, sabemos, que nos últimos anos a
solução concentrou-se nos estabelecimentos para idosos (se lhes dou este nome,
porque alguns nem sequer são dignos de tal classificação, mas, parece ser hoje
uma grande valia para o país, tal o império que se tem que se tem conseguido,
em parte, à custa dos indefesos seres humanos, sem voz para reclamarem o modo
de tratamento. Não é raro que ao visitar alguns desses locais observamos olhos
tristes sem lágrimas, bocas sem sorriso, sabendo-se que entre eles ainda se
encontram mentes que podiam ser válidas no seu meio habitacional. Porém, a
ausência de meios financeiros e familiares a isso os obriga. Será uma situação
no final de vida e feliz? Não creio. Recordo que esta povoação nos anos de
1950/60, teria cerca de 80-100 habitantes acima de 60 anos, o que me faz
pensar: haverá hoje idosos a mais, ou a falta de acompanhamento e condições de
vida por parte das suas gerações para que possam cuidar deles e dos filhos? Para
parte desta solução talvez que as instituições de solidariedade social e humanitárias
deveriam incidir mais diretamente entre o idoso, crianças e familiares
consoante os casos. Mas, nem sempre acontece e o resultado é abandonar o seu
pequeno palácio ou morrer só... Enfim, estamos perante sistemas, ações e ideias
demasiado complexas, para as quais, mesmo algum com verdadeira proficiência,
dificilmente conseguirá dar solução. – E, são estas e outras situações que nos preocupam em Cadafaz, pelo que, não
posso deixar de repetir: Esta não é a aldeia e freguesia que conheci, onde a
vitalidade, o diálogo, a cooperação o e interesse, estavam presentes,
precisamente o contrário do que hoje se verifica.
Numa altura (segundo o que vimos na
imprensa), todos os núcleos das grandes ou pequenas freguesias e aldeias, estão
em movimento e interessados numa resolução do seu torrão natal, qualquer que
sejam os seus ideais, idades ou categorias... Cadafaz... Que fez... que explicou à comunidade ...
Será como habitualmente um assunto unilateral.
- Não pretendo com este meu artigo medir
tudo e todos pela mesma "bitola", e muito menos incluir política. A
experiência de vida e o caminho percorrido, ensinaram-me a saber separar o
trigo do joio, o que
continuarei a fazer isenta de hipocrisia ou malabarismo. Concluirei,
respeitando uma das versões bastante habitual,
"Os que falam... nada fazem". Mas serão esses que ficam aguardando o
trabalho dos "calados". Oxalá seja profícuo para bem dos Cadafazenses
existentes e vindouros.
Cadafaz, maio de 2012
in
O Varzeense de 15 de maio de 2012