segunda-feira, 21 de maio de 2012

Folhas Soltas de Cadafaz por A.Silva

Que aconteceu a Cadafaz? Uma povoação cheia de vida, alegria e perseverança. O que aliás ainda tenta persistir na nossa memória, "cuja teimosia não quer deixar esquecer o passado". Porém a realidade é visível, constante e triste, mas não podemos deixar extinguir a luz da esperança e sobrevivência. Já que tanto nos foi legado pelos antepassados, certamente com a intenção de que todas as suas obras e sacrifícios seriam perduráveis.
Mas, tal não está acontecendo, pelo que se torna deveras apreensiva tal situação. Que se passa afinal com a comunidade cadafazense? Com as entidades responsáveis, representantes, autarcas, inclusive as coletividades, enfim, as promessas feitas, adquirir, acabar ou conseguir, que têm passado de ano após ano, como por exemplo: a rede móvel, o tanque para apoio a combate de incêndios, o alcatroamento da estrada Cadafaz-Selade do Braçal, arranjo do lavadouro, além do que se tem deixado retirar, sem qualquer preocupação na sua resolução, benefícios estes essenciais para a população residente e, que certamente já poderiam ter sido contemplados com verbas gastas noutras inaugurações interpoladas, semiesquecidas e inacabadas. Sabemos que nas últimas décadas, muita coisa mudou ou modificou, criando-se títulos cujos pedestais não tinham sido assentes em rocha firme, nasceram ideais de fantasia cor de rosa e feitos fantasmas, (tivemos vários e continuamos a ter) nesta povoação alguma de destaque em notícias - o Lar em Cadafaz, a Quinta Pedagógica, Auditório com ar condicionado e circuito fechado TV-Internet e por último a Confraria na sede de freguesia? …) Olhamos em redor, e que vimos nós? Promessas tendenciosas.
Creio que o nosso, planeta Terra, começou a rodar velozmente, cujo eixo se ressentiu na sua meteórica e vagarosa rotação. Agora que nos reservará o futuro? Quando os valores humanos tem desaparecido e à medida que a comunidade vai diminuindo, vão também sendo esquecidas as obrigações por quem de direito e com deveres ao acompanhamento, valorização e deferência à comunidade ainda existente. Mas quando se observa, a realização de eventos informações de interesse público ou outros, e escolhida determinadas localidades do concelho ou povoação da freguesia - porque - tem mais gente... Como se os poucos, tenham culpa de ser menos, e portanto, não vale a pena!
Também, felizmente tem sido criados vários locais de apoio e informação no Concelho, mas será possível as pessoas terem possibilidade de aí se deslocarem, como... E quantas vezes mesmo no local, no caso de serviços administrativos deparam com acessos inacessíveis para deficientes, escadas sem rampas de acesso. Também as Placas, em locais visíveis dos referidos serviços, fossem de algum benefício, inclusive há serviços que são desconhecidos pelos munícipes que moram fora da vila. Isto talvez pela falta de informação nas localidades. É certo que há uma grande percentagem de idosos, mas não é ir formando uma espécie de muralha em redor de cada aldeia, que se lhes dá alguma réstia de qualidade vida, quer de acompanhamento moral, físico ou intelectual, inclusivamente perdem-se assim os seus conhecimentos adquiridos ao longo da sua existência. Também não é dos gabinetes através do telecomando ou pulseira, o que parece estar a iniciar-se... No entanto, sabemos, que nos últimos anos a solução concentrou-se nos estabelecimentos para idosos (se lhes dou este nome, porque alguns nem sequer são dignos de tal classificação, mas, parece ser hoje uma grande valia para o país, tal o império que se tem que se tem conseguido, em parte, à custa dos indefesos seres humanos, sem voz para reclamarem o modo de tratamento. Não é raro que ao visitar alguns desses locais observamos olhos tristes sem lágrimas, bocas sem sorriso, sabendo-se que entre eles ainda se encontram mentes que podiam ser válidas no seu meio habitacional. Porém, a ausência de meios financeiros e familiares a isso os obriga. Será uma situação no final de vida e feliz? Não creio. Recordo que esta povoação nos anos de 1950/60, teria cerca de 80-100 habitantes acima de 60 anos, o que me faz pensar: haverá hoje idosos a mais, ou a falta de acompanhamento e condições de vida por parte das suas gerações para que possam cuidar deles e dos filhos? Para parte desta solução talvez que as instituições de solidariedade social e humanitárias deveriam incidir mais diretamente entre o idoso, crianças e familiares consoante os casos. Mas, nem sempre acontece e o resultado é abandonar o seu pequeno palácio ou morrer só... Enfim, estamos perante sistemas, ações e ideias demasiado complexas, para as quais, mesmo algum com verdadeira proficiência, dificilmente conseguirá dar solução. – E, são estas e outras situações que nos preocupam em Cadafaz, pelo que, não posso deixar de repetir: Esta não é a aldeia e freguesia que conheci, onde a vitalidade, o diálogo, a cooperação o e interesse, estavam presentes, precisamente o contrário do que hoje se verifica.
Numa altura (segundo o que vimos na imprensa), todos os núcleos das grandes ou pequenas freguesias e aldeias, estão em movimento e interessados numa resolução do seu torrão natal, qualquer que sejam os seus ideais, idades ou categorias... Cadafaz... Que fez... que explicou à comunidade ... Será como habitualmente um assunto unilateral.
- Não pretendo com este meu artigo medir tudo e todos pela mesma "bitola", e muito menos incluir política. A experiência de vida e o caminho percorrido, ensinaram-me a saber separar o trigo do joio, o que continuarei a fazer isenta de hipocrisia ou malabarismo. Concluirei, respeitando uma das versões bastante habitual, "Os que falam... nada fazem". Mas serão esses que ficam aguardando o trabalho dos "calados". Oxalá seja profícuo para bem dos Cadafazenses existentes e vindouros.

Cadafaz, maio de 2012

in O Varzeense de 15 de maio de 2012