CADAFAZ
Há dias estava eu pensando que a nossa pequena ia fazer anos e que,
como seu amigo e admirador que sou, lhe devia dar os parabéns e manifestar-lhe
os meus sinceros desejos porque o novo ano que vai iniciar lhe corra muito próspero,
quando fui surpreendido pelo toque d'uma corneta. Julguei-me numa estação de caminho
de ferro assistindo ás manobras de algum comboio que estava para partir.
Enganei-me, porem. Era o padeiro que anunciava a sua chegada. Pouco
depois, o homem, com o instrumento a tiracolo, não tinha mãos a medir. As mulherzinhas
rodeavam-no. Umas queriam 5, outras 6 pães de 3 centavos e meio, e outras
queriam dos grandes. O homem, atrapalhado, dizia: «Estes são de 8 centavos».
E julga alguma gente que à nossa terra não chega pão fino? Enganam-se. São
cinco os padeiros que nos vem visitar todas as semanas.
— O tempo tem ido enxuto para apanha da azeitona, que este ano é muito
pouca.
O frio, porem, tem sido bastante. O que nos tem valido são as duas chavenazinhas
do belo café Thereza & C.ª, com que este proprietário nos mimoseia todos os
dias.
— A colheita do milho por aqui foi superior ao que se esperava.
in A Comarca de Arganil de 1 de janeiro de 1913
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Paula Santa Cruz