Memórias
e Desilusões
Não creio que os Cadafazenses
sejam supersticiosos, mas que parece existir algo de desdita em relação a esta
povoação é uma hipótese que nos faz meditar! Não porque tenham faltado ideias
progressistas com conhecimento, valor e boa vontade, porém, se algumas chegaram
a ser concretizadas, foi porque foram geridas por grandes valores humanos com
igualdade de ideias, isto há algumas décadas. Mas mesmo assim quantas eram
abafadas ou relegadas para outros locais, o que atualmente mais se acentua
porque a influência é superior ao rigor e até às necessidades existentes ou
prementes nesta ou naquela povoação.
De vez em quando
releio os meus apontamentos já publicados, recordando as Memórias e Desilusões
de que tenho tido conhecimento em Cadafaz. E, mais uma vez, mencionarei algumas
das que ainda estão por concretizar passado tantas décadas, terá sido pouca
sorte ou confiança demais. Vejamos por exemplo:
1) A estrada em terra
batida de apenas 6 Km. Cadafaz - Selade do Braçal, que bastante beneficiava a
povoação no acesso à Pampilhosa da Serra e não só. Constou que tinha sido atribuída
uma verba há alguns anos para o alcatroamento. Que terá acontecido para que a
situação se mantenha na mesma? Mais tarde o então Presidente da Junta de
Freguesia tentava adquirir esse benefício quando da implantação das Eólicas mas
já não conseguiu e os elementos que se seguiram nada fizeram.
2) - Um Museu em
Cadafaz, sonho do Tenente Coronel Américo Alves Martins, infelizmente já não o
conseguiu concretizar e a ideia continua no esquecimento.
3) - Centro de Dia e
Lar em Cadafaz - fizeram-se reuniões, peditórios angariações de várias
espécies, gastos em obras bastante significativas mas o LAR que era para ser em
Cadafaz foi sendo pouco a pouco relegado para outro local, com ele desaparecendo
também o serviço de apoio centrado na povoação.
4) - Com grande
destaque surgiu em 2009 a ideia de uma Confraria do Cabrito e da Castanha com
sede na Freguesia, depois de alguma propaganda e festa a engalanar a ideia que
era genial como muitas outras que não dão em nada foi seguindo leve levemente
até que desapareceu da freguesia de Cadafaz, mas sim a proclamação na sede do
Concelho?
5) - Em 2005 o
problema de acesso à rede da PT era quase um milagre depois de vários apelos
para resolução, ficava sempre em nada resolvemos em 2012/13 pedir as entidades
representantes da Freguesia a possibilidade de colocação de um poste de Rede
Móvel. Porém, as várias reuniões, opiniões e sugestões mesmo com a vinda de um
técnico, graças a um conterrâneo que particularmente se interessou e mais... a
oferta de outro com um terreno para a implantação do mesmo. O certo é que a
falta de empenho das entidades representativas e associativas, os custos
elevados e a opinião de que só beneficiava esta povoação sem sequer ter sido
decidido o local mais adequado, levou a que nada fosse feito até hoje, como se
esta comunidade, na maioria idosos, não tivesse direito a um benefício de
grande utilidade e acompanhamento mais que justo, para mais estando a povoação
a suportar os inconvenientes ruídos, das Torres Eólicas. Sabendo-se que os
proventos materiais e industriais da freguesia não surgem nas margens do Ceira.
E, se em 2015 conseguimos obter para quem pode adquirir os serviços da Fibra
Óptica mesmo sem acesso a rede móvel, foi por intermédio de alguém que
particularmente se interessou. Já que pelos nossos representantes parecia que
Cadafaz não fazia parte do programa para beneficiários das novas tecnologias.
Mas no entanto houve informação que foi recentemente colocado um poste de Rede
Móvel numa das povoações da freguesia de Cadafaz. E interrogamo-nos quantas
povoações afinal ficaram abrangidas por este serviço? Não estou de maneira
alguma a tentar criticar as comunidades que se unem e tentam adquirir bens
necessários ao seu bem estar só é menos humano que a intervenção das Entidades
não seja íntegra em igualdade de benefícios a todos os munícipes ou fregueses
já que esse processo se aplica em igualdade quanto a taxas, taxinhas, sobre
taxas e impostos. Porém, não nos sentimos infelizes já que Cadafaz continuará a
ser aquilo que os seus antepassados ensinaram benevolentes e caridosos. Apenas
lamentamos situações que deviam ter um pouco mais de atenção como por exemplo
os muros de resguardo às bermas e vias de Cadafaz que se encontram em péssimo
estado de conservação. Embora tenha sido notícia que a Câmara pensou, decidiu e
aprovou um empréstimo para melhoramento da rede viária. Também vou renovar um
pedido já feito à União de Freguesias ou seja, a colocação e conservação das
placas informativas não só a quem se encontra à entrada de Cadafaz, próximo do
cemitério, como a do cruzamento de indicação Cadafaz-Tarrastal-Corterredor-
Folgosa, mereciam um aspeto e suporte diferente, inclusive, aqui também seria
importante a indicação de acesso à via nacional n°2, Pampilhosa-Lousã. Outra
das situações que nos parece estar em vias de regressar é o uso de lanternas
para circular nas ruas da povoação de Cadafaz, tal é o horário de acender a
iluminação pública, ou seja, depois de escurecer já há algumas horas, embora
esta situação já tenha sido alertada pelas entidades competentes, só
mencionaram duas povoações. Será poupança? Ou mais uma demonstração do
acompanhamento solidário aos idosos nas aldeias. E aqui mencionarei um Titulo
de destaque publicado em 3/3/16 “Idosos de Góis Vivem Menos Isolados com o
Acesso ao Serviço de Teleassistência Domiciliária”. Claro como tantos outros só
a publicação do serviço não nos alegra... Como e onde funciona tal serviço de
assistência? Outra situação que nos parece menos eficiente é o conhecimento do
teor da qualidade da água da rede pública. Não seria possível a afixação dos
resultados nos serviços ou Placard da União de Freguesia. Visto que é também um
assunto de interesse publico e que nem todos tomam conhecimento já que estes
dados só se encontram afixados no Centro de Saúde-Góis.
Notamos que a primazia ou idoneidade em
referência a Cadafaz está posta em causa, daí a inobservância a que estamos
submetidos, mesmo verificando-se que esta povoação quase sobrevive (mais de
metade) com pessoas que não são naturais da povoação e que foram atraídas por
pessoas e serviços prioritários que lhes têm sido retirados. É caso para
pensar, afinal o que nos prende a um local onde só contamos como
contribuintes... Será que as Memórias do Passado nos ajudam a ultrapassar o
Presente?
Cadafaz, agosto 2016
in O Varzeense de 30 de setembro de 2016
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Paula Santa Cruz