segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Folhas Soltas de Cadafaz Por A. Silva

Memórias e Desilusões
Não creio que os Cadafazenses sejam supersticiosos, mas que parece existir algo de desdita em relação a esta povoação é uma hipótese que nos faz meditar! Não porque tenham faltado ideias progressistas com conhecimento, valor e boa vontade, porém, se algumas chegaram a ser concretizadas, foi porque foram geridas por grandes valores humanos com igualdade de ideias, isto há algumas décadas. Mas mesmo assim quantas eram abafadas ou relegadas para outros locais, o que atualmente mais se acentua porque a influência é superior ao rigor e até às necessidades existentes ou prementes nesta ou naquela povoação.
De vez em quando releio os meus apontamentos já publicados, recordando as Memórias e Desilusões de que tenho tido conhecimento em Cadafaz. E, mais uma vez, mencionarei algumas das que ainda estão por concretizar passado tantas décadas, terá sido pouca sorte ou confiança demais. Vejamos por exemplo:
1) A estrada em terra batida de apenas 6 Km. Cadafaz - Selade do Braçal, que bastante beneficiava a povoação no acesso à Pampilhosa da Serra e não só. Constou que tinha sido atribuída uma verba há alguns anos para o alcatroamento. Que terá acontecido para que a situação se mantenha na mesma? Mais tarde o então Presidente da Junta de Freguesia tentava adquirir esse benefício quando da implantação das Eólicas mas já não conseguiu e os elementos que se seguiram nada fizeram.
2) - Um Museu em Cadafaz, sonho do Tenente Coronel Américo Alves Martins, infelizmente já não o conseguiu concretizar e a ideia continua no esquecimento.
3) - Centro de Dia e Lar em Cadafaz - fizeram-se reuniões, peditórios angariações de várias espécies, gastos em obras bastante significativas mas o LAR que era para ser em Cadafaz foi sendo pouco a pouco relegado para outro local, com ele desaparecendo também o serviço de apoio centrado na povoação.
4) - Com grande destaque surgiu em 2009 a ideia de uma Confraria do Cabrito e da Castanha com sede na Freguesia, depois de alguma propaganda e festa a engalanar a ideia que era genial como muitas outras que não dão em nada foi seguindo leve levemente até que desapareceu da freguesia de Cadafaz, mas sim a proclamação na sede do Concelho?
5) - Em 2005 o problema de acesso à rede da PT era quase um milagre depois de vários apelos para resolução, ficava sempre em nada resolvemos em 2012/13 pedir as entidades representantes da Freguesia a possibilidade de colocação de um poste de Rede Móvel. Porém, as várias reuniões, opiniões e sugestões mesmo com a vinda de um técnico, graças a um conterrâneo que particularmente se interessou e mais... a oferta de outro com um terreno para a implantação do mesmo. O certo é que a falta de empenho das entidades representativas e associativas, os custos elevados e a opinião de que só beneficiava esta povoação sem sequer ter sido decidido o local mais adequado, levou a que nada fosse feito até hoje, como se esta comunidade, na maioria idosos, não tivesse direito a um benefício de grande utilidade e acompanhamento mais que justo, para mais estando a povoação a suportar os inconvenientes ruídos, das Torres Eólicas. Sabendo-se que os proventos materiais e industriais da freguesia não surgem nas margens do Ceira. E, se em 2015 conseguimos obter para quem pode adquirir os serviços da Fibra Óptica mesmo sem acesso a rede móvel, foi por intermédio de alguém que particularmente se interessou. Já que pelos nossos representantes parecia que Cadafaz não fazia parte do programa para beneficiários das novas tecnologias. Mas no entanto houve informação que foi recentemente colocado um poste de Rede Móvel numa das povoações da freguesia de Cadafaz. E interrogamo-nos quantas povoações afinal ficaram abrangidas por este serviço? Não estou de maneira alguma a tentar criticar as comunidades que se unem e tentam adquirir bens necessários ao seu bem estar só é menos humano que a intervenção das Entidades não seja íntegra em igualdade de benefícios a todos os munícipes ou fregueses já que esse processo se aplica em igualdade quanto a taxas, taxinhas, sobre taxas e impostos. Porém, não nos sentimos infelizes já que Cadafaz continuará a ser aquilo que os seus antepassados ensinaram benevolentes e caridosos. Apenas lamentamos situações que deviam ter um pouco mais de atenção como por exemplo os muros de resguardo às bermas e vias de Cadafaz que se encontram em péssimo estado de conservação. Embora tenha sido notícia que a Câmara pensou, decidiu e aprovou um empréstimo para melhoramento da rede viária. Também vou renovar um pedido já feito à União de Freguesias ou seja, a colocação e conservação das placas informativas não só a quem se encontra à entrada de Cadafaz, próximo do cemitério, como a do cruzamento de indicação Cadafaz-Tarrastal-Corterredor- Folgosa, mereciam um aspeto e suporte diferente, inclusive, aqui também seria importante a indicação de acesso à via nacional n°2, Pampilhosa-Lousã. Outra das situações que nos parece estar em vias de regressar é o uso de lanternas para circular nas ruas da povoação de Cadafaz, tal é o horário de acender a iluminação pública, ou seja, depois de escurecer já há algumas horas, embora esta situação já tenha sido alertada pelas entidades competentes, só mencionaram duas povoações. Será poupança? Ou mais uma demonstração do acompanhamento solidário aos idosos nas aldeias. E aqui mencionarei um Titulo de destaque publicado em 3/3/16 “Idosos de Góis Vivem Menos Isolados com o Acesso ao Serviço de Teleassistência Domiciliária”. Claro como tantos outros só a publicação do serviço não nos alegra... Como e onde funciona tal serviço de assistência? Outra situação que nos parece menos eficiente é o conhecimento do teor da qualidade da água da rede pública. Não seria possível a afixação dos resultados nos serviços ou Placard da União de Freguesia. Visto que é também um assunto de interesse publico e que nem todos tomam conhecimento já que estes dados só se encontram afixados no Centro de Saúde-Góis.
Notamos que a primazia ou idoneidade em referência a Cadafaz está posta em causa, daí a inobservância a que estamos submetidos, mesmo verificando-se que esta povoação quase sobrevive (mais de metade) com pessoas que não são naturais da povoação e que foram atraídas por pessoas e serviços prioritários que lhes têm sido retirados. É caso para pensar, afinal o que nos prende a um local onde só contamos como contribuintes... Será que as Memórias do Passado nos ajudam a ultrapassar o Presente?

Cadafaz, agosto 2016

in O Varzeense de 30 de setembro de 2016

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Paula Santa Cruz