O texto de hoje foi publicado num jornal
regional a 4 de março de 1982 e fala dos festejos do Carnaval por um grupo de
foliões do Cadafaz.
Aqui fica o texto para recordar esse
Carnaval de 1982:
CADAFAZ
O
CARNAVAL, AFINAL, AINDA NÃO MORREU…
Pois é. Os
cadafazenses resolveram continuar a manter a tradição de brincarem no Carnaval,
recusando-se a admitir sequer que o Rei Momo e a sua corte se tenham mudado
para outras paragens. A desmentir o tempo, muito instável, com períodos de
chuva, frio e até com boas abertas com temperatura amena, no Cadafaz brincou-se
talvez de uma maneira singela, é certo, mas, por isso mesmo, com genuína
alegria e cordealidade.
No sábado, depois de
inauguradas as cerimónias de abertura dos festejos, resolveu-se ir à vizinha
povoação da Cabreira levar num vaso nocturno uma certa mistela não odorosa mas
doce; e, assim, três viaturas automóveis compostas pelos seguintes foliões:
Manuel Pina, Miquita, Paula, Rui, Cristina, Fátima, Zé Sacristão, Paulo e Cila, no primeiro. Depois, no segundo : Baptista, Arminda, Tozé,
Tiolinda, Tizé, Hipólito, Tio Albano, Maria Odeie e Valdemar. Finalmente, no
terceiro: Zé Bigodes, Maria Alice, Senhor Guilherme, Alvarito, Dina e Célia.
Chegados á Cabreira,
antes de se dar uma volta pelo povoado, deu-se a tal mistela, que foi muito
apreciada por todos os cabreirenses, chegando ao ponto de alguns pedirem «bis».
Rumou-se depois para
Góis, aonde havia um baile na Associação, e ai o sucesso foi grande, a tal ponto de considerarem a caravana cadafasense como
uma representação impar (de tal maneira, que uma senhora que estava no baile,
exclamou muito furiosa: isto é só droga... Verdade, verdadinha, que a «droga»
era outra... com
sabor a morangueiro !!!
De regresso ao Cadafaz,
chegados ao Largo de Santo António, foi o espanto geral, pois a entrada da
povoação estava bloqueada com uma bem organizada barricada de troncos, portas
velhas, bancos, carro do sr. Guilherme, silvas, etc. Autores desta inédita
partida: André, Armindo do Fundo, Zé António, Amigo do Braçal, Casimiro, Albertino,
Manuel Filipe, Leonel, Jorge do Fundo, etc., com uma bandeira no topo e um
dístico que dizia; «Foliões, vão dar a volta pelos Caratões...».
No domingo, no salão
de convívio, foi desfile de máscaras: com inúmeras de bom gosto e
originalidade. Mas o primeiro prémio seria entregue a um «sargento Nunes», na
verdade bem apanhado, com uma múmia erótica, um fadista que depois se
transformou numa hortelã, etc., havendo até uma nota bem de assinalar: o Jorge
do Fundo a dançar com a sua sogra, ambos mascarados a rigor. E depois do tio
Manuel Filipe dançar com o Jarreta, ainda houve fogo de artificio na Eira, e o
pipo do Brás Neves entupido com uma palhinha.
Na segunda-feira, o clou
da festa foi o Zé Bigodes, com a sua borracha de vinho doce para quem quisesse,
e o ensaio do futuro Rancho do Cadafaz em sua casa.
Comparar o Carnaval
do Cadafaz com o de Ovar ou de Loulé, é intuito que não temos.
Mas alegria singela e
portanto genuína, isso houve no Cadafaz; e brincar sem prejudicar nem agredir
parece-nos que o objectivo foi totalmente atingido; No último Carnaval
reviveu-se e confraternizou-se numa grande família como são todos; os
cadafazenses...
Trombudo de Serviço.
in
Jornal regional desconhecido a 04-03-1982
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Paula Santa Cruz