segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Carnaval de 1982

O texto de hoje foi publicado num jornal regional a 4 de março de 1982 e fala dos festejos do Carnaval por um grupo de foliões do Cadafaz.
Aqui fica o texto para recordar esse Carnaval de 1982:

CADAFAZ
O CARNAVAL, AFINAL, AINDA NÃO MORREU…
Pois é. Os cadafazenses resolveram continuar a manter a tradição de brincarem no Carnaval, recusando-se a admitir sequer que o Rei Momo e a sua corte se tenham mudado para outras paragens. A desmentir o tempo, muito instável, com períodos de chuva, frio e até com boas abertas com temperatura amena, no Cadafaz brincou-se talvez de uma maneira singela, é certo, mas, por isso mesmo, com genuína alegria e cordealidade.
No sábado, depois de inauguradas as cerimónias de abertura dos festejos, resolveu-se ir à vizinha povoação da Cabreira levar num vaso nocturno uma certa mistela não odorosa mas doce; e, assim, três viaturas automóveis compostas pelos seguintes foliões: Manuel Pina, Miquita, Paula, Rui, Cristina, Fátima, Zé Sacristão, Paulo e Cila, no primeiro. Depois, no segundo : Baptista, Arminda, Tozé, Tiolinda, Tizé, Hipólito, Tio Albano, Maria Odeie e Valdemar. Finalmente, no terceiro: Zé Bigodes, Maria Alice, Senhor Guilherme, Alvarito, Dina e Célia.         
Chegados á Cabreira, antes de se dar uma volta pelo povoado, deu-se a tal mistela, que foi muito apreciada por todos os cabreirenses, chegando ao ponto de alguns pedirem «bis».
Rumou-se depois para Góis, aonde havia um baile na Associação, e ai o sucesso foi grande, a tal ponto de considerarem a caravana cadafasense como uma representação impar (de tal maneira, que uma senhora que estava no baile, exclamou muito furiosa: isto é só droga... Verdade, verdadinha, que a «droga» era outra... com sabor a morangueiro !!!
De regresso ao Cadafaz, chegados ao Largo de Santo António, foi o espanto geral, pois a entrada da povoação estava bloqueada com uma bem organizada barricada de troncos, portas velhas, bancos, carro do sr. Guilherme, silvas, etc. Autores desta inédita partida: André, Armindo do Fundo, Zé António, Amigo do Braçal, Casimiro, Albertino, Manuel Filipe, Leonel, Jorge do Fundo, etc., com uma bandeira no topo e um dístico que dizia; «Foliões, vão dar a volta pelos Caratões...».
No domingo, no salão de convívio, foi desfile de máscaras: com inúmeras de bom gosto e originalidade. Mas o primeiro prémio seria entregue a um «sargento Nunes», na verdade bem apanhado, com uma múmia erótica, um fadista que depois se transformou numa hortelã, etc., havendo até uma nota bem de assinalar: o Jorge do Fundo a dançar com a sua sogra, ambos mascarados a rigor. E depois do tio Manuel Filipe dançar com o Jarreta, ainda houve fogo de artificio na Eira, e o pipo do Brás Neves entupido com uma palhinha.    
Na segunda-feira, o clou da festa foi o Zé Bigodes, com a sua borracha de vinho doce para quem quisesse, e o ensaio do futuro Rancho do Cadafaz em sua casa.
Comparar o Carnaval do Cadafaz com o de Ovar ou de Loulé, é intuito que não temos.
Mas alegria singela e portanto genuína, isso houve no Cadafaz; e brincar sem prejudicar nem agredir parece-nos que o objectivo foi totalmente atingido; No último Carnaval reviveu-se e confraternizou-se numa grande família como são todos; os cadafazenses...
Trombudo de Serviço.

in  Jornal regional desconhecido a 04-03-1982




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Paula Santa Cruz