quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Folhas Soltas de Cadafaz por A. Silva


1)Apenas, porque gosto de recordar e transmitir o que vou descobrindo acerca da aldeia de Cadafaz, que me viu crescer e criar raízes de amizade, embora não tivesse familiares diretos, no entanto aqui aprendi que não é preciso ser erudito (antes pelo contrário) para ver e definir a bondade dos pobres e a diferença evasiva dos mais afortunados. Também a vida no campo e a dos que tentavam recorrer á cidade na esperança de amealhar alguns cobres sabe Deus como, e onde o retorno à terra que os viu nascer não os modificava pelo contrário na sua mente vinha o anseio de criar novas formas de vida na aldeia que até então eram desconhecidas. Assim compreendi que só com empenho, cooperação, amizade e honestidade se conseguem as bases do mérito humano, para o próprio e para os seus semelhantes. Tudo isto foi certamente alargando as amarras do “Antigamente” pois segundo nos contavam os mais idosos também aqui se fez sentir o peso do Clero e Monarquia, sobre os infortunados servos da gleba. Porém, passados tempos conturbados da Republica as comunidades passaram a ter mais liberdade e Cadafaz foi beneficiado pelos seus filhos, Homens e Mulheres corajosos adquirindo poder e meios essenciais para todas as povoações da Freguesia. Infelizmente foram partindo, e decorrido poucas décadas interrogamo-nos! Cadafaz, que te aconteceu? Sei que eram pessoas notáveis e influentes, os poucos que foram ficando não conseguiram suster o teu legado e, assim fomos sendo privados de tudo o que restava de útil há sua comunidade. Por ultimo a Sede da Junta de Freguesia de Cadafaz, (embora não fosse a mais pobre de eleitores, na data mas se ... União traduzia poupança e mais cooperação humana, algo está falhando à qual se vai juntando a Paróquia também bastante “tremelicante” o que se tornou previsível com as separações de atividades religiosas nas comunidades. Enfim, vai penando o galo da Torre puxando os pesos do relógio e por vezes o som lúgubre dos sinos da igreja. Infelizmente poucas vezes tem havido uma luz favorável ao fim do túnel quanto à ideia do aproveitamento de bens que a natureza concede fossem materiais, paisagísticos ou elementares à comunidade etc. Aliás projetos houve que após dado o seu conhecimento eram postos logo entraves pois tratava-se de Cadafaz, a verdade é que o \ azar, continua.- Alguém ainda recorda o Sonho do Cadafazense Fernando Simões Folgosa? (Escreverei sobre ele num próximo artigo) O Sonho de Virgílio Nunes dos Reis sobre o negócio Eólico e a casa do Castelejo, a estrada da Selade do Braçal etc. Também o do Sr. Eng°. Carlos Pimenta Araújo quando se deparou com os inexistentes serviços de saúde na freguesia e a distância a percorrer em situações graves ou não. Nem sequer o Badalado Lar da Freguesia mereceu o nome da Padroeira. - Enfim oxalá que o Futuro seja menos ingrato para as aspirações dos nossos Jovens da União Recreativa de Cadafaz. Que afinal tentam ainda “acordar os esquecidos” e prometidos a quem de direito. E visitar os conterrâneos “perdidos”.
- Mas a razão do meu artigo é dar início a um pequeno resumo sobre os princípios da Junta de Freguesia de Cadafaz:- Como se sabe a Junta de Paróquia da Freguesia de Cadafaz tal como as outras, era a única Entidade administrativa até a Lei da Separação Igreja - Estado (20-4-1911) pós a Implantação da República. Foi alterada em 23-2-1917 e após tempos conturbados, muita coisa modificou e em várias datas.
No que se refere a Cadafaz, tivemos o privilégio de encontrar em jornais publicados há anos alguns dados sobre a função da então Junta de Freguesia, referente ao ano de 1934 e creio que seria das primeiras sessões, então Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de Cadafaz: -PRESIDENTE - Luís Gonçalves de Almeida - Corterredor. TESOUREIRO - Luís das Neves - Tarrastal. SECRETÁRIO - José Maria Alves Martins - Cadafaz. Logo de início houve que verificar, o orçamento: 339$74= Despesa= 319$30, foram feitos os pagamentos:- Manuel Henriques de Almeida por regular o relógio da Torre, a Guilherme Gaspar Alves, sacristão a Joaquim Almeida 14$00 por limpeza do cemitério e 10$00 a cada professora das Escolas da Freguesia, que estavam todas em funcionamento. - No ano seguinte repetem-se as mesmas despesas, além de 40$00 para ajudas dos alunos nos livros e papel. Em virtude dos temporais que fizeram grandes estragos nesta zona foi preciso fazer reparos que pós publicação em diário do governo foi concedida a verba de 45.000$00. Assim distribuída Cadafaz, 10.000$00 – Candosa, 3.000$00 - Capelo, 2.500$00 - Sandinha, 3.500$00 - Cabreira, 5.000$00, e para uma estrada destruída 1.500$00, alem das pontes uma em terra no Tarrastal, 6.500$00 outra de madeira 800$00, e a ponte do ..\ Corterredor, 1.000$00 igual quantia para a calçada próximo do cemitério em Cadafaz. Em 1936, os habituais pagamentos mais 10$00 à professora D. Florinda para ajuda dos alunos pobres da freguesia.
NOTA: As verbas adquiridas eram normalmente da venda em haste pública de Cepas, taxas, jeiras a que o povo estava sujeito, ou magras comparticipações.
Em 1937, começam a ser passados os primeiros atestados de residência para casamentos nesta Freguesia (embora eu tenha verificado que a Instituição do registo obrigatória fosse em 18-2-1911,) que consta do seguinte:” Manda-se encerrar os Livros do Registo paroquiais tornando obrigatório a inscrição do registo civil dos factos essenciais relativos ao indivíduo e á família e á composição da sociedade, nomeadamente dos nascimentos, casamentos e óbitos”. Nota Curiosa - Menciono o nome dos primeiros Atestados (porque tive a sorte de ainda conhecer alguns dos nubentes!...1937- Manuel Almeida Nunes e América Patrocínio Almeida – Candosa - Luciano Neves Barata e A? Neves - Cabreira - Manuel de Almeida e Maria Deolinda Nunes - Cadafaz - 1938 – Raul Alves das Neves e Mª Patrocínia Neves – Cabreira - José António Brás e Ma Prazeres Martins - Cadafaz- José Maria e Maria Silvéria - Relvas (...)
Em 1938/40, houve mudança de elementos da Junta e com a presença do Reverendo Padre André Almeida Freire, como representante do Presidente da Camara Municipal de Góis segundo o Art.° 204 reuniram os cidadãos Gregório Martins dos Santos - Augusto Silva - José Maria Alves Martins – Casimiro Rodrigues Alves - Manuel Francisco Jorge e Joaquim Alves Muro. Feita a eleição: Pres. Gregório Martins dos Santos, Capelo -Tesour. Augusto Silva-Sandinha (foi substituído por Casimiro Rodrigues Alves, Cabreira- 11-9-38 para se ausentar para o estrangeiro- Secretário José Maria Alves Martins, sendo substituído em 23-10-38, por ter sido nomeado Encarregado do Registo Civil de Cadafaz sendo substituído por Manuel Francisco Jorge de Cadafaz. - Houve arrematação de cepas 3.050$00 e 9.300$00 (Cont.).
Cadafaz, Dezembro 2018

in o Varzeense de 15 de janeiro de 2019

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Paula Santa Cruz