sábado, 19 de junho de 2010

Folhas Soltas de Cadafaz por A.Silva


E os Seus Retalhos Históricos
A torre do Relógio em Cadafaz é sem dúvida uma parte do património que ainda resta nesta povoação. Embora sendo uma edificação muito simples sem qualquer embelezamento arquitectónico, os elementos de que é composta mostram o seu valor. Os sinos, galo/cata-vento, relógio com três mostradores e os pesos de pedra, além da eficácia da sua construção e montagem, que são a prova de que passados 113 anos ainda tudo funciona.
Curiosa é sem dúvida também a descrição acerca dos materiais empregues e custo:
“Em 1897/1898, procedeu-se à compra do terreno para o alicerce da Torre que custou 9.600 reis.
Arranque da pedra, carreto de barro e serventuários – 22.900 reis.
Carreto da pedra para a mesma – 11.660 reis.
Mão-de-obra com a Torre – 27.300 reis.
Carreto de pedra para cobrir a torre, sendo de graça só se gastou um quartão de vinho e 20 maços de cigarros – 370 reis.
Pagamento dos sinos e condução dos mesmos – 86.440 reis.
Pagamento do relógio, trempe, galo, cordas, segundo amostrador e mão-de-obra com assentamento de todos os objectos – 78.350 reis.
Pólvora e fio para arranque da pedra para a dita torre – 960 reis.
Para a dita grade de ferro na dita torre, pregos, tinta, um bocado de folha de ferro para o amostrador e fechaduras para as portas – 10.770 reis.
Condução do relógio (máquina) – 8.500 reis.
Compra de cal condução da mesma, areia, mão-de-obra a deitar a cal, serventuários e custo das portas – 24.665 reis.
Cimento para sedar o tecto da torre – 300 reis.
Compra de chumbo para chumbar a grade de ferro e trabalho do mesmo - 580 reis”.
Segundo a informação acima descrita, também esta foi uma das obras que prestigiaram a sede de freguesia e de muito significado para a sua comunidade, poucos teriam o privilégio de possuir um relógio naquela época.
Era o curso do sol que ia indicando o passar do tempo, principalmente para os trabalhadores no campo. Mas, para que esta obra continue perdurável há que continuar a dedicar-lhe o zelo que merece e actualmente está precisando de obras de conservação (pintura). Tal como foi feito à Igreja Matriz e Capela de S. António. Julgo que serão estes os edifícios mais antigos da povoação.
NOTA: “Após terminar este retalho… vou pensar se o que faz Hoje chegará Amanhã”. E agradecer muito especialmente, a cedência de conhecimento deste documento tão interessante. Obrigada.
in O Varzeense de 15 de Junho de 2010

Coloco uma foto minha porque a que está no jornal é a preto e branco.

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Paula Santa Cruz