sexta-feira, 9 de julho de 2010

Folhas Soltas de Cadafaz por A.Silva

As pequenas povoações rurais dispersas entre montes e vales, são sem dúvida as que vão ficando cada vez mais esquecidas, não só pela diminuição de residentes, como pela falta de ajuda material e humana, essencialmente na assistência à doença. Inclusivamente, nestes últimos anos, fomos vendo desaparecer meios comunitários adquiridos com muito esforço pelas Associações regionalistas nos anos 40/50. São por exemplo os rudimentares postos médicos, que muito beneficiavam as comunidades distantes dos grandes centros ou outros meios de atendimento. Actualmente, como alternativa resta-nos uma solução, a comparência dos bombeiros. Claro que eles vão cumprindo e encaminhando, e por vezes em situações bastante difíceis. Por tal sensibilidade humanitária, não posso deixar de dignificar todas as nobres Associações de Bombeiros e transcrever parte de um artigo acerca de como nasceu a Associação de Bombeiros Voluntários. Embora este seja referente a Lisboa, não deixa de ser interessante o seu conhecimento:

''A Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa nasceu oficialmente em 18-10-1868. Foi na célebre Farmácia Azevedo do Rossio onde era habitual juntarem-se as individualidades, que falando do serviço de incêndios da capital, concordaram que este não estava à altura do que devia ser. Encontravam-se presentes o Dr. José I. Viana, vereador da Câmara Municipal, Carlos J. Barreiros, inspector daqueles dificílimos serviços; o pelouro dos incêndios coubera a José Isidoro, grande humanista, jornalista e publicista; também faziam parte Pinto Basto, Rafael Bordalo, Dr. Viana e Guilherme Conssul, este que admirava imenso os bombeiros, magníficos soldados - conseguiu que EL-Rei D. Luís lhe concede-se o diploma de Capitão-Chefe dos Bombeiros da Freg. dos Mártires em 19-11-1867. No ano seguinte o Vereador aumentou a dotação e, porque não formar uma Companhia de Bombeiros Voluntários, e em 18-11-1868, reunidos na Abegoaria Municipal onde estava instalada a inspecção dos incêndios, eSLaTIQO presentes cerca de 20 individualidades distintas, foram tirados nomes à sorte dos sócios fundadores com concordância na denominação e como auxilio da existente Corporação de Bombeiros Municipais. Foi escolhido equipamento e regulamentos - brio, obediência e voluntariamente ofertarem as suas vidas na salvação das alheias ... A Bomba de Sistema Flland, mandada fazer na Oficina Camnell custou 180 reis. Foi paga por um benemérito. Eram precisos condutores e recrutaram-se aguadeiros dos chafarizes de S. Paulo, Rua Formosa, Tesouro Velho e Carmo. Eram (12). A instalação seria uma cocheira na Trav. da Ilha Formosa, pela qual se pagava 24.000 reis, quotização para o mobiliário e o quartel funcionava na Trav. André Valente. O fardamento era composto de jaquetão, calça, boné azul ferrete com os distintivos na banda do casaco, primeiros patrões dois machadinhos, de metal dourado ornados com uma estrela, segundos patrões dois machadinhos, aspirantes um machadinho e no boné o nº de matricula sobre o pequeno machado. Os condutores era calça, blusa de ganga azul avivada de vermelho e branco e boné com o nº de matricula e as letras B.V. Custava cada uniforme e equipamento 5 libras. Pagavam dois pintos (960 reis) de quota e uma libra de jóia. O primeiro incêndio a ser extinto foi na Trav. Corpo Santo em 1871. A imprensa aplaudia o arrojo e dizia: - ao governo de sua Majestade cumpre renumerar e honrar os que mais se distinguiram nessa salvadora missão. O rei D. Luís escutou o apelo, premiou o valor e deu alento e incentivo ao organismo. Em 1885, foram condecorados com Diploma e medalha, transformando-se na Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa." Felizmente que ao longo dos anos inúmeras associações humanitárias têm sido organizadas, mas continuam a ser os bombeiros que se arriscam no terreno desconhecido e, uma grande área das zonas rurais faz parte desse.

Nota: - Segundo informação na. Enciclp. Fund. Verbo, o sistema preventivo contra os incêndios em Portugal data de 1395). (Cons. Arq. Nac. Dr. R. Martins) Bibli. Ass. H. B.v.Q.

in Jornal de Arganil de 1 de Julho de 2010

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Paula Santa Cruz