terça-feira, 27 de julho de 2010

Folhas Soltas de Cadafaz por A. Silva

Não sou de maneira alguma contra as inovações tecnológicas – elas são a demonstração evolutiva da inteligência do ser humano – o que de facto não posso compreender é que seja autorizada a expansão de algumas em locais ou zonas sem a devida atenção às comunidades de povoações próximas quando estas se podem tornar nocivas ou incómodas no presente ou num futuro próximo. Refiro-me aos Postes das Renováveis e aos de Muito Alta Tensão.
Cadafaz, era para quem o conheceu há alguns anos, um pequeno paraíso cuja paisagem em seu redor era livre e sublime. Hoje estamos num cercado onde nem sequer a rede é amovível… Se tentamos olhar para a Serra da Mata, a poucos quilómetros da povoação avistamos em grande plano as “majestosas” Torres Eólicas cujos elementos fazem um ruído ensurdecedor, atacando os tímpanos dos residentes mais próximos.
Mas se nos inclinarmos no sentido de espreitar as margens do rio Ceira, também a curta distância da povoação estão os enormes postes de Alta Tensão e linhas cortando-nos a paisagem. Porém o que deixa de ser curioso é que, segundo se diz, serem inovações lucrativas, não se vê tal “vizinhança” nas serras do Rabadão nem noutras em redor da sede do Concelho!
Escusado será dizer que esta situação se tornaria um pouco mais compreensível se a povoação de Cadafaz estivesse a ser privilegiada ou os problemas comunitários de primeira necessidade resolvidos, tais como:
- Um serviço da PT a funcionar em condições e não o velhinho material de 1939, ficando os residentes constantemente sem rede.
- Um serviço de Rede Móvel em toda a povoação e freguesia, dando hipótese de outros meios de informação. Um tanque para ajuda a combate de incêndios, o qual já só deve faltar no Cadafaz?
- O alcatroamento da Estrada Cadafaz-Selade do Braçal, aproveitando até algumas partes feitas pela REN, mesmo alterando o trajecto.
Benefício este que se espera há longos anos mas… compreende-se que para quem circula na via existente de “pernas Altas” ou em transporte que todos nós pagamos, qualquer rapeiro ou estradão serve.
- O Lavadouro, a Casa de Convívio tudo cada vez mais degradados, esperando que aconteça algo de grave, etc.
Todos estes assuntos estão super discursados, prometidos e lembrados, mas passar à acção não se vê. E assim vamos assistindo à decadência e esquecimento cada vez mais instalados num local onde em tempos difíceis sem fins lucrativos ou verbas de vulto, foram feitas obras e criados serviços que engrandeceram a sede de freguesia onde tudo funcionava – A Escola, Registo Civil, Posto Médico, Posto de Correio Telégrafo e Telefone, Regedor, Junta de Freguesia em plena e inclusivamente Serviços religiosos quase permanentes. Actualmente cinco desapareceram e os dois restantes continuam muito dificilmente.
Não há duvida que não podemos viver do passado – mas o presente não nos convence ou anima – não só pelo isolamento como pela falta de proficiência na recuperação e aproveitamento dos meios existentes de forma a serem inovadores e não destruidores, quer na ideia quer na prática.
Mas os velhos Cadafazenes continuam a ser fiéis aos seus princípios, afáveis, bondosos, e compreensivos, sem ideais de abastança. Calcula-se que, presentemente, estamos a exportar euros para a outra margem e a importar terra para a nossa margem. Com tal intercâmbio rural somos ou não somos generosos!...
Nota: - A função de Regedor terminou, mas o Sr. Albertino Vicente, ultimo Regedor da Freguesia ainda se encontra entre nós e, vamos conservá-lo.
Cadafaz, Julho de 2010
in O Jornal de Arganil, de 15 de Julho de 2010

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Paula Santa Cruz