terça-feira, 16 de novembro de 2010

Folhas Soltas de Cadafaz por A.Silva

E os seus retalhos históricos
As Paróquias de Cadafaz e Colmeal completam este ano 450 anos - “Em Novembro de 1560, foram criadas as paróquias destas duas localidades, pelo Sr. Bispo Conde D. João Soares, com o consentimento de D. Diogo da Silveira 18º Senhor de Góis – 2º Conde de Sortelha (título criado por D. João III em 1527), e Guarda-Mor do Rei D. João III, D. Sebastião, D. Henrique e D. Filipe I de Portugal” – Possivelmente seria a partir dessa data. Construídas as Capelas mais antigas segundo as datas inscritas, como a Capela de S. António em Cadafaz e Capela ou pequena igreja nesta povoação (visto em documento antigo se mencionar ser necessário a construção de uma igreja condigna, por existir um pequeno e arruinado edifício), o que se verificou passado alguns anos.
Infelizmente pouco encontramos que nos elucide da forma de vida da comunidade dessa época, e até o local exacto do seu primeiro povoado. Segundo consta foram descobertos alguns achados arqueológicos, mas não seriam estudados ou preservados, tal como escritos antigos não existem, e assim se perdeu a sua identidade. Mas baseada em dados credíveis e porque o País era composto pelo Clero, Nobreza e Povo, poucas alterações haveria no seu modo de vida em qualquer local. Pelo que retrocedendo no tempo, cremos que as suas preocupações principais seriam com a igreja como crentes, e com o seu senhorio ou padroeiro, sendo este o que mais usufruía do trabalhador rural ou do seu rendimento agrícola. Mas não há duvida que o Clero foi o grande difusor das comunidades rurais, não só da parte religiosa, como na instrução e, ou conselheira, pois eram a entidade com maior contacto com o povo e os seus problemas. Daí que por respeito e obrigações a igreja foi desde sempre a grande proprietária da freguesia, património urbano ou rural, dízimos e principalmente as Confrarias ou Irmandades – Em Cadafaz existiram duas Confrarias, Nª Senhora do Rosário e S. Sacramento, cujos proventos revertiam para a igreja. Claro que o povo devia ser bastante carente de bens próprios e de conhecimentos, no entanto, estas situações devem ter sido melhoradas com a extinção dos forais e senhorios com a lei de 1832, ficando isentos de alguns impostos. Surgiram depois as Juntas de Paróquias e a nomeação de Comissários, sendo nomeado Manuel Simões Folgosa Novo para Cadafaz e José Ferreira para Colmeal (este cargo passou mais tarde a Regedor da Paróquia). No entanto, a responsabilidade da Junta de Paróquia era soberana com os vários cargos, quer na administração e zelo dos bens da igreja quer na parte comunitária em toda a freguesia. E, aqui devo salientar – pelo que temos conhecimento – numa época sem meios económicos, sem subsídios, sem organizações ou colectividades (estas apareceram mais tarde), onde os únicos proventos eram obtidos dos míseros meios da comunidade, directamente ou indirectamente, como por exemplo da Confraria do S. Sacramento no caso do Moinho e Lagar do Povo da Freguesia de Cadafaz, património este que ainda existe, embora com grande controvérsia, tal como o Lagar na povoação da Candosa da Confraria ou J. Paróquia, (mas este assunto será para outro artigo). E, continuando, darei um pequeno resumo das várias obras feitas ou ajudas pela mesma J.P.: - Construção do 1º cemitério em Cadafaz, Torre do relógio, Casa paroquial, reconstrução da igreja, Lagares e Moinho, além de vários donativos para um Posto médico, Chafariz, Torre e Relógio numa das povoações da freguesia, etc. A partir de 1911/1917, a nova alteração das leis do País separou a igreja e estado, ficando a Junta de Freguesia com o seu sector administrativo comunitários, entidade que se mantém. Passados estes quatro séculos e meio será difícil compreender quantas transformações nas leis, no trabalho, enfim, na forma de vida rural. Sabe-se que o meio de subsistência foi difícil, também daqui houve quem tenha percorrido o caminho para as ceifas do Alentejo, quem teve de entrar nas fileiras do exército em França, quem emigrou para o Brasil e não mais voltou, etc. Mas os que foram sobrevivendo, algo nos deixaram e é isso que devíamos conservar muito condignamente, recuperando e não destruindo. Resta-me pedir às Entidades da Freguesia, se possível, a colocação de uma placa comemorativa no Adro da Igreja no dia 16 de Novembro, assinalando a efeméride.
- Font Inf. (Arq. H.G.-Cron. Pod. Soc.-Hist.Conc.Port.-Hist. Port.-Doc. P.)
Cadafaz, Setembro 2010
in Jornal de Arganil de 28 de Outubro de 2010

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Paula Santa Cruz