domingo, 13 de março de 2011

Folhas Soltas de Cadafaz por A.Silva

Retalhos
Em 15 de Agosto de 1963, a União Recreativa de Cadafaz, tendo como dirigentes na sua sede, em Lisboa – Manuel Martins dos Santos, Américo Alves Martins e Mário dos Anjos Brás e em Cadafaz Guilherme Simões Alves, entre outros. Promoveram a realização de uma excursão a Cadafaz, com a finalidade de assistir aos festejos anuais, inauguração da rede de abastecimento de água à povoação, alargamento da estrada da Capela de S. António até ao cemitério, incluindo também uma Homenagem ao Rev. Padre André Almeida Freire que paroquiou esta freguesia de 1926 a 1958, nesta cerimónia procedeu-se também à bênção de uma Carreta Funerária de Tracção-Braçal.
Como habitualmente, a comunidade estava presente e contribuiu com os seus modestos donativos para tal aquisição, visto tratar-se de um grande beneficio para toda a freguesia, mesmo sendo apenas de tracção-braçal (quer dizer, mesmo tendo de ser puxada à força de homens) sempre era mais suave que transportar os féretros a Pau-e-Corda ou pelas argolas do caixão por caminhos ou estradas carreteiras completamente íngremes que até para os animais eram de difícil acesso, isto das aldeias até à sede de freguesia, onde se localizava a igreja e o cemitério (1894). Procedimento este que ainda se prolongou por vários anos até se começar a utilizar os serviços das Agências Fúnebres. No entanto, na lembrança dos mais antigos o transporte era feito com o Esquife, sendo o corpo apenas embrulhado (este ainda se encontra na nossa Igreja e era também utilizado aquando das cerimónias religiosas Ofícios ou Em doenças). Creio que a utilização do esquife, fosse por não haver caixões, ou consoante as possibilidades económicas dos defuntos?
Mas, a finalidade do meu artigo sobre o assunto é que qualquer destes elementos – carreta ou esquife – fazem parte de um passado histórico tiveram a sua função e respeitável utilidade, merece pois um lugar mais digno do que aquele onde se encontra, pelo menos a Carreta abandonada num local quase inacessível. Certamente quem lhe deu aquele “pedestal” vai decerto reconsiderar e dar-lhe um local mais condigno e de melhor conservação.
Como creio que se possa adaptar ao tema acima descrito, aproveito para transcrever alguns dados da leitura de doc. antigos que nos vão chegando aos nossos dias. E que será dever continuarem a ser transmitidos aos nossos vindouros. Essa será certamente a persistente vontade dos nossos prezados historiadores, investigadores e cientistas.
Verifica-se que ao longo dos séculos as civilizações tiveram sempre uma grande preocupação com os seus defuntos: “Os Egípcios, segundo o seu pensamento, achavam que o corpo não era apenas o suporte do espírito apenas em vida, mas continuava a sê-lo depois da morte. E, daí a preocupação da sua conservação através dos embalsamamentos, e no rigor e beleza dos seus túmulos ou mausoléus, por ser neles onde se passariam tempos sem fim no HADES. As suas primeiras tentativas de embalsamar remontam a quatro mil anos a. Cristo.
Noutros povos o uso de sarcófagos feitos de calcário, ou as Catacumbas que serviam não só para depositar os defuntos como o refugio dos cristãos onde faziam as suas cerimonias religiosas (em tempos de perseguição). Ainda hoje os Tribos consoantes as suas crenças ou superstições, continuam a adorar e imortalizar os seus familiares.
Da civilização megalítica ainda se encontram em Portugal (Carenque) várias cavernas, grutas e dólmenes utilizadas para esse efeito. Possivelmente só com os povoamentos e os grandes espaços de edifícios religiosos, igrejas, adros, teriam sido os locais escolhidos para esse efeito, estar mais próximo de Deus no seu sono eterno.
Porém, a partir do século XIX, foi obrigada a utilização de espaços próprios (cemitérios) o que gerou grandes conflitos da parte das comunidades. A Lei impõe-se por motivos de sanidade. Acabando por se verificar ao longo dos anos a criação de belas obras de arte nos jazigos, que hoje também se vão perdendo, por um lado com a utilização do mármore e por outro pela corrusão do tempo e de não haver familiares conservadores.
Talvez que nestas situações, as autarquias e ou Juntas pudessem dar incentivo à sua conservação, visto o seu valor arquitectónico de grande significado moral.
 – Liv.cons:- Dic.Ling.Port.) – Biblit.Cosms- Embals.Eg. 142/143 – Rom.Carv.) – Ed.Verb.Art.Paleo-Cristã vol.11-Wladmirs) e (Civ.Megal.Vol.17-Hans.Bied.)
in O Varzeense de 28 de Fevereiro de 2011

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Paula Santa Cruz